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Buscando a Sintonia no Uruguai: guia de viagem

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Está pensando em viajar para o Uruguai? Nosso vizinho mais ao sul tem uma excelente estrutura, belíssimas paisagens a serem apreciadas, uma história rica e capacidade para receber turistas dos mais variados bolsos.


Publicado em 17/02/2023

Nesse texto vou trazer o relato e o roteiro que fiz pelo país em 2021, considerando os locais que conheci, as dicas que recebi dos locais e as informações que colhi antes da minha estadia no país. Boa leitura e boa viagem!

Como viajar para o Uruguai? 🚌

Existem algumas maneiras de se chegar ao Uruguai

  • Pelo céu: de avião você pousará no aeroporto de Montevideo;
  • Pela terra: de ônibus você atravessará a fronteira terrestre e poderá ir direto para a capital ou ficar em alguma cidade do caminho; 
  • Pelo mar: nosso vizinho costuma receber cruzeiros de passeio que saem de portos brasileiros.

A minha escolha foi cruzar a fronteira terrestre, porém a pé.

Pode parecer estranho, mas, na verdade, essa foi a opção mais viável na época e você não precisa se preocupar em ter de seguir meus passos, exceto se queira.

Por que entrei no Uruguai a pé?

Em 2021, decidi viajar para o Uruguai quando o país estava voltando a se abrir para turistas.

Os voos estavam caros – portanto, uma opção que logo descartei, e os ônibus que faziam o trajeto direito do Brasil até Montevidéu não estavam operando.

Minha estratégia, então, foi ir “pingando”, pegando 3 ônibus diferentes.

O trajeto que fiz para chegar ao país foi o seguinte:

  • Curitiba – Porto Alegre: cerca de 13 horas de ônibus;
  • Porto Alegre – Jaguarão (Rio Grande do Sul): 6 horas de ônibus;
  • Travessia a pé de Jaguarão para Río Branco (Uruguai): 30 minutos andando;
  • Rio Branco – Vergara: 1 hora de ônibus;

Entrando no Uruguai por Río Branco 🌉

Marco da fronteira entre Uruguai e Brasil
Marco da fronteira entre Uruguai e Brasil.

Escolhi entrar no Uruguai pela fronteira de Jaguarão/Río Branco, devido a minha primeira parada no itinerário.

Cheguei em Jaguarão por volta das 5:30 da manhã, após pegar a estrada em um ônibus que saiu da rodoviária de Porto Alegre, e curtindo o amanhecer fui andando até Rio Branco, o caminho é bem tranquilo e para entrar no Uruguai você deverá atravessar uma charmosa ponte.

Informação útil: para comprar ou retirar a passagem do trajeto de Porto Alegre para Jaguarão você deve ir a um dos guichês comuns da rodoviária, que vendem passagens de diferentes empresas e ficam ao lado de sua entrada do terminal.

No trajeto a pé de Jaguarão a Río Branco, você não precisará fazer nada, não há nenhum tipo de barreira e inclusive a cidade de Río Branco é cheia de free shops que recebem brasileiros.

A rodoviária da cidade fica no maior deles, que está a cerca de 20 minutos da ponte. Como cheguei bem cedo, o posto de imigração que fica na estrutura do free shop ainda estava fechado e abriria somente às 9h, horário exato que pretendia pegar o outro ônibus para seguir Uruguai adentro.

A opção viável foi ir até a outra alfândega que fica no final da cidade e funciona como uma barreira para quem vai entrar no país, já que ela fica no meio da estrada e a parada é obrigatória.

Peguei um táxi e fui até a alfândega, onde fiz todos os trâmites rapidamente e logo retornei para a rodoviária, com o mesmo taxista que ficou me esperando.

Ao final do texto eu esclareço quais foram os documentos necessários e os trâmites relacionados à pandemia.

📍 Rodoviária de Rio Branco (Uruguai): Puente Internacional Barón de Mauá, 37100 Río Branco, Departamento de Cerro Largo;

📍 Aduana de Río Branco: Blvr. Aparicio Saravia, 3700, Río Branco, Departamento de Cerro Largo.

A encrenca

Você lembra que eu disse que a parada na segunda alfândega é obrigatória? Então, peguei o ônibus na rodoviária de Jaguarão que iria me deixar em Vergara, no posto de controle ele parou e um militar entrou para verificar os documentos de todos os passageiros.

Tudo estava tranquilo até ele chegar a mim, o único passageiro estrangeiro, primeiro ele demorou a entender (eu não quis) que eu já havia feito os procedimentos de entrada antes, que estava tudo certo, após checar isso ele tentou insistir que a data do meu último teste de PCR já estava vencida e que eu não poderia entrar no país.

Neguei, afinal, se o PCR estivesse vencido, obviamente o oficial da alfândega não teria me liberado para entrar e carimbado meu passaporte.

Com a sua imponente submetralhadora ele me pediu para descer e foi chamar outras pessoas, logo vieram 2 simpáticos oficiais da alfândega.

Expliquei toda a história novamente para eles e ambos ficaram sem entender o porquê do colega militar ter encrencado comigo e pedido para descer do ônibus.

Como procedimento padrão, eles apenas pediram para revistar minha mochila e permitiram que eu seguisse viagem, enquanto o militar me encarava.

Vergara

Segui a curta viagem de ônibus até a pequena cidade de Vergara, minha primeira parada até que minha carona viesse me buscar.

Fiquei observando a deserta praça, cidade empoeirada, onde o barulho dos pássaros que estavam sobe as árvores ecoava, até a chegada do pai do meu amigo.

Vista da praça principal de Vergara, uma pequena cidade do interior do Uruguai.
Vista da praça principal de Vergara, uma pequena cidade no interior do Uruguai.

De Vergara foi até La Charqueada um pequeno povoado, ou Pueblo – com eles chamam – as margens do Rio Cebollatí.

Lá encontrei um amigo uruguaio que fiz no Rio De Janeiro em 2017 e que sabendo que eu iria viajar para o Uruguai me convidou para passar uns dias com a sua família e conhecer a sua vila.

Primeira parada: La Charqueada 🌅

Passei 3 dias em La Charqueada e recomendo a visita à vila por um ponto em principal: o local é totalmente fora da rota turística (considerando quem vem de fora do Uruguai).

Andei de bicicleta entre as ruazinhas da vila e pude constatar que certamente eu era o único estrangeiro por ali.

Por mais que eu ainda estivesse perto do Brasil, conversando com os amigos do Juan, pude perceber que eles não estão muito acostumados a receber brasileiros por ali.

Os atrativos do lugar consistem em olhar o tempo passar, seja na praça da cidade, olhando para o Rio, ou caminhando, o ritmo por ali é bem lento.

As pessoas que vivem por ali trabalham nas fazendas do entorno ou cuidam de seus negócios próprios, como a família do Juan que possui um mini mercado apinhado de coisas.

Quanto à comida, lá experimentei a pizza ao estilo uruguaio, que pode ser encontrada na Argentina também, como ovos fritos e batata frita (sim).

Tive a sorte de pegar uma data festiva no povoado, no domingo alguns campistas chegaram, pessoas vieram de carro de outras cidades, um pequeno palco foi montado e a cumbia rolou durante horas.

Foi sensacional observar o evento percebendo que só havia locais por ali, curtindo seu domingo, tomando seu mate e observando o rio.

Inclusive, esse é um dos pontos fortes de La Charqueada, nas margens do Rio ficam espaços para camping públicos, onde não é necessário pagar nada para utilizar a estrutura.

Para quem é campista ou simplesmente tem uma barraca vale a pena conhecer o lugar e observar como vivem os “gaúchos” uruguaios.

Letreiro de La Charqueada, ao fundo as águas do Rio Cebollati.
Letreiro de La Charqueada, ao fundo as águas do Rio Cebollati.

Como chegar em La Charqueada?

Para chegar ao local o ideal é que você vá com o seu próprio carro, mas sem descartar meios alternativos, creio que seja possível arrumar um táxi em Vergara ou na cidade Treynta y Tres, ou ainda pedir uma carona.

Se você atravessar a fronteira de Chuí, poderá chegar a La Charqueada indo até o final da estrada que cruza a cidade de Cebollati, ela leva até ao exato local balsa que atravessa o Rio Cebollati, em frente a vila.

O que fazer em La Charqueada?

  • Tomar mate olhando o Rio;
  • Pescar;
  • Acampar ou praticar campismo (a Vila possui uma estrutura excelente, com uma belíssima vista para o Rio);
  • Ir a eventos de Cumbia que também acontecem na beira do rio (normalmente junto aos campeonatos de pesca).
Dia de campeonato de pesca e show de cumbia em La Charqueada.
Dia de campeonato de pesca e show de cumbia em La Charqueada.

Rumando até Colonia Del Sacramento 🏠

Após passar alguns dias na casa de meu amigo em La Charqueada, segui minha viagem com destino a Colonia Del Sacramento, porém, por conta do horário da viagem decidi dormir em Montevideo, já que não existe um trecho de ônibus direto de Treynta y Tres para Colônia.

Treynta y Tres é a segunda cidade mais próxima de La Charqueada, e na volta da vila o pai do meu amigo me deixou por lá para que eu pudesse pegar o ônibus.

A cidade já é bem maior e estruturada do que Vergara, porém ainda é uma cidade do interior.

Foi por lá que provei o meu primeiro alfajor Uruguaio de uma pequena padaria.

Após o trajeto de cerca de 5 horas de ônibus, cheguei em Montevideo de noite, fui direto para o hostel e acordei cedo no dia seguinte para voltar à rodoviária, por isso, vou deixar para falar sobre a capital do Uruguai mais para frente.

Como chegar em Colonia Del Sacramento 

Ao viajar para o Uruguai, existem algumas possibilidades para se chegar em Colonia Del Sacramento, a melhor delas é pegar um ônibus que sai da rodoviária de Montevideo. Algumas empresas fazem o trajeto que possui saídas regulares e dura 2:45.

A viagem é tranquila e cruza algumas paisagens interessantes, passando próximo à Fortaleza General Artigas – local onde a cidade foi fundada.

A rodoviária de Colonia é pequena, mas bem ajeitada, por lá você conseguirá fazer tudo a pé ou alugando um carrinho de golfe (sim, é um transporte comum para turistas que visitam a cidade).

Portal de entrada da cidade antiga de Colonia Del Sacramento.
Portal de entrada para a parte antiga de Colonia Del Sacramento.

Onde se hospedar em Colonia Del Sacramento

Chegando na cidade fui direto para o Viajero Hostel, achei o local muito bom, na rua principal da cidade, porém, ele estava ainda se recuperando da pandemia. 

A limpeza estava ok, mas o restante dava uma aparência de casa vazia, com móveis faltando em algumas coisas ainda sendo ajeitadas.

📍 Viajero Hostel: Arquitecto Miguel Angel Odriozola 269, Colonia Del Sacramento – Uruguai

O que fazer em Colonia Del Sacramento

A cidade é pequena, portanto, se você gosta de andar, é possível conhecer o lugar todo a pé.

Podemos dividir a cidade em 2 partes, uma onde está o centro histórico e o restante da cidade com seu comércio e estrutura normal de uma pequena cidade uruguaia.

Se você conhece Paraty, a dinâmica de Colônia é a mesma. Assim como a cidade sul fluminense, a história da pequena vila uruguaia é fantástica, acrescida da sua vista esplendorosa para o Rio da Prata.

Passear pelas ruazinhas de pedra e descobrir as vistas para o Rio é o principal programa da cidade, que conta com outros atrativos, como os seus museus.

Porém, é importante observar as datas que você vai passar por lá.

Eu dormi apenas uma noite na cidade e mesmo assim cheguei a ficar um pouco entediado, pois, peguei a maioria das coisas fechadas, inclusive os museus, e os poucos restaurantes que estavam abertos não condizem com a minha condição nessa viagem.

Por tanto, me restou andar pelas ruas, descobrir seus detalhes e observar o seu esvaziar ao anoitecer.

Rua de Colonia Del Sacramento com suas casas de pedra.
Tipica rua de Colonia Del Sacramento.

Foi uma experiência bem diferente, poder passear pelas construções sem observar nenhuma pessoa ao redor, parecia o meio da madruga, mas era apenas por volta das 20h da noite.

Inclusive isso é outro ponto a se ressaltar, a cidade pareceu ser extremamente segura.

O pôr-do-sol

O ponto forte de Colonia Del Sacramento, para mim, foi o pôr-do-sol, certamente um dos mais belíssimos que já vi.

A cidade possui pontos privilegiados para a sua observação, porém, indico que você separe um casaco, o vento que sopra do rio é fortíssimo, e com os esconder do sol, a temperatura cai drasticamente.

Essa foi a minha experiência na Colonia Del Sacramento e me deixou com um gosto de quero mais, pelo que observei, a cidade combina muito com o verão, sendo um centro turístico que ciclicamente se movimenta nos finais de semana e se esvazia nos dias restantes.

Vista do pôr do sol em Colonia Del Sacramento, em meio as águas do Rio da Prata.
Sol caindo no Rio da Prata em Colonia Del Sacramento

Montevideo 🏙️

Saindo de Colonia, voltei para Montevideo, a parte principal e o ponto alto da minha viagem.

Onde se hospedar em Montevideo

Montevideo possui uma boa estrutura turística, por lá é fácil encontrar desde hotéis mais caros, até hostels com quartos compartilhados e uma grande oferta de Airbnb’s.

Na noite que dormi em Montevideo antes de ir para Colonia me hospedei no Hostel Charrua, e recomendo, o espaço é excelente e organizado, porém, se você gosta de mais sossego talvez não seja a melhor opção, o Charrua faz mais o estilo “party hostel”.

📍 Hostel Charrua: Charrúa 2226, 11200 Montevideo – Uruguai

Já nos dias em que estive em Montevideo para aproveitar a cidade, optei por uma experiência diferente, e até mesmo mais barata. Por conta das finais das copas Sul-americana e Libertadores, os preços das acomodações estavam mais elevados.

Aluguei um quarto pelo Airbnb, dividindo a casa com uma família uruguaia super simpática.

Alugando um quarto no Airbnb

Ao fazer uma busca no Airbnb existem três tipos de acomodações, as de casa inteira, quarto inteiro ou quarto compartilhado. Na segunda, você tem um quarto de uma casa ou apartamento inteiro para você e divide os demais cômodos com o anfitrião.

Por já ter dormido várias noites em hostels e quartos compartilhados, para mim não é um problema dividir cozinha, banheiro e outros ambientes comuns, e entendo perfeitamente se você achar a experiência estranha.

A minha dica é sempre estar em sintonia com os anfitriões, eu já fui para esse Airbnb em específico buscando uma interação, já que pelas fotos percebi que a decoração do espaço eu e os anfitriões tínhamos gostos em comum.

No final das contas, foi muito melhor do que eu imaginava, o quarto era espaçoso com uma cama boa, e a casa tinha tudo, obviamente, já que eles moram lá.

Leo, o anfitrião é um cara extraordinário, professor de história e uma grande figura, na primeira noite me ofereceu algumas cervejas e ficamos horas conversando sobre política, história e futebol.

Além disso, ele e Manuela – sua esposa – estão aptos a dar todas as dicas sobre a cidade e foram muito solícitos quantos as minhas dúvidas.

Na casa também convivi com um cachorro e um gato, foi um experiência memorável, vivendo com uma família montevideana, conhecendo seus costumes e a forma de viver do pequeno país.

📍 Link para o Airbnb do Leo e da Manuela.

Foto de uma prateleira dentro do airbnb, com livros e bandeiras.
Dentro do Airbnb em Montevideo.

O que fazer em Montevideo

Os meus dias em Montevideo foram cheios, e confesso que fiquei com o coração apertado por não possuir mais tempo – e dinheiro – para curtir a cidade.

No meu primeiro dia, fui fazer algumas compras no mercado e já conhecer o bairro Cordón, local do Airbnb.

Achei a localização excelente, consegui fazer a maioria das coisas a pé, considerando que eu gosto muito de andar, mas o bairro é próximo de tudo, além de ser muito bonito.

Considerando os programas que envolvem a cidade no primeiro dia eu:

  • Andei um bom pedaço da orla da cidade, do Parque Rodó até o famoso letreiro de Montevideo;
  • Curti um passeio noturno, novamente pela orla – uma das coisas mais legais da viagem.

Vou me alongar um pouco mais nesse passeio pela orla, pode ser que você não esteja interessado em ler, mas saiba que ele é imperdível para quem vai a Montevideo, ainda mais em dias relativamente quentes.

A movimenta orla de Montevideo a noite

Os montevideanos têm um costume que eu gostaria de encontrar mais no Brasil, a vida noturna agitada, e não digo de baladas ou festas, mas sim de tomar os espaços da cidade a noite.

Talvez eu tenha pegado uma época muito propícia, de tempo seco, frio tolerável e dias longos. Mas, eu não estava preparado para andar por uma orla lotada de pessoas, em casais ou famílias que passeavam ou realizavam atividades físicas pela orla até as 22.

Olha que esse foi o horário que voltei para o Airbnb, e não parecia que as pessoas estavam fazendo o movimento de voltar para casa.

Diferente do que estamos acostumados nas praias brasileiras, não há serviços na orla de Montevideo, sejam fixos ou ambulantes. Ou seja, é raro ver um bar, lanchonete ou restaurante à beira do mar. 

Na orla em si não há nenhum tipo de vendedor, seja de churros ou cerveja, Apenas centenas de pessoas curtindo o visual enquanto correm, andam, ou pedalam.

Também existem aqueles que levam suas cadeiras para aproveitar a luz da lua e a paisagem para tomar o seu mate.

Dentre os diversos cenários que me chamaram atenção, parei um bom tempo para ver crianças jogarem bola em um gramado, também à beira do mar. 

Achei maravilhosa a forma como os montevideanos ocupam e aproveitam os espaços da cidade, principalmente os envoltos à natureza.

Pude constatar isso outras vezes, passando em parques públicos, e, mesmo de noite, ver crianças brincando enquanto os pais conversam e empunham suas térmicas é uma cena aparentemente comum.

Anoitecer em Montevideo.
Anoitecer em Montevideo.

Segundo dia

Após descansar comecei o segundo dia caminhando até o centro histórico da cidade, para participar de um free walking tour. Foram apenas eu e mais duas pessoas, mas o guia, que me apresentou muito bem a história da cidade.

📍 Free Walking Tour: saídas de segunda a sexta às 10h, sábados e domingos às 15:30. Ponto de encontro: Plaza Independência, ao lado do monumento Artigas.

Centro histórico de Montevideo

A caminhada guiada durou cerca de duas horas, passando pelos principais pontos do centro histórico, como o Palacio Salvo, o Teatro Solis, o Cabildo de Montevideo, a Plaza de La Constituicion e a parte antiga da orla.

Eu não fiquei hospedado no centro histórico da cidade, então não posso constatar isso, mas dizem que ali é a parte da cidade onde os turistas precisam tomar mais cuidado.

Realmente, ao contrário do que vi no bairro, o centro está descuidado, com muitas construções abandonadas e algumas ruas ficando desertas mesmo em dias de semana.

Se eu fosse fazer uma recomendação baseada no que vivi e no que escutei das pessoas que moram lá, não passeie sozinho pelo centro histórico depois do anoitecer.

Porém, por ser o centro financeiro da cidade, por lá você encontrará opções gastronômicas mais baratas.

A padaria

Ao ver uma fila repleta de locais em seu horário de almoço, decidi entrar eu uma espécie de padaria, mas que também estava servindo algumas refeições prontas, principalmente as milanesas e as “tartas”, acompanhadas de salada.

Mas não foi isso que decidi provar, os doces chamaram mais minha atenção, e para a minha surpresa os preços eram super acessíveis, parecidos, ou até mais baratos do que itens de algumas padarias no Brasil.

E sim, os doces eram ótimos, além de muito bem servidos.

Foto do balcão de uma padaria, com doces dentro.
Doces uruguaios.

📍 Panadería – Rotiseria Catedral: Ituzaingó 1427, Montevideo – Uruguai

Parque Rodó

O dia seguiu e eu fui aproveitar a tarde no parque mais famoso da cidade, o Parque Rodó, na minha opinião o visual mais bonito de Montevideo.

Você não precisa de muito para ser feliz por ali, basta estender a sua canga na grama e apreciar a vista.

Como o parque fica em um declive, ele se direciona diretamente para o mar, formando um visual único, principalmente em dias de Sol.

O local é bastante frequentado pelos locais, que mesmo em um dia de semana vão chegando e formando suas rodas, seja para conversar, tomar mate ou fumar maconha – legalizada no país.

📍 Parque Rodó: Ave Julio Herrera y Reissig, 11200, Montevideo – Uruguai

Pôr do sol

Como o dia em Montevideo no mês de novembro é longo, aproveitei para caminhar novamente pela orla da cidade enquanto assistia ao entardecer e quando vi o sol se abaixando rumo ao mar, subi um pequeno morrinho que fica na rua ao lado do Parque Rodó, mas tem uma vista mais limpa para o pôr do sol.

vista do pôr do sol em Montevideo.
Vista do pôr do sol em um gramado ao lado do Parque Rodó.

Diversas pessoas fazem a mesma coisa, e novamente assisti um dos pôr do sol mais lindos da minha vida.

Esperei anoitecer e voltei ao Airbnb, nesse dia tive sorte de encontrar o apartamento vazio, os anfitriões tinham ido a um evento. Coloquei uma música, abri uma Patrícia – marca de cerveja uruguaia -, preparei o meu jantar e comi na varanda, apreciando a noite Montevideana.

Terceiro dia 

O terceiro dia em Montevideo foi um pouco mais corrido e a maioria dos programas se repetiu, isso porque logo de manhã já parti em direção ao Parque Rodó para encontrar dois amigos meus que tinham recém-chegado na cidade.

Durante o dia apresentei a cidade que eu havia conhecido nos outros dias, uma caminhada pelo centro da cidade, uma passeada pela orla e o entardecer no Parque Rodó.

Ao anoitecer teve início em parte do parque uma feira gastronômica, que o Leo do Airbnb já havia me avisado que aconteceria.

Decidi passar por lá e me surpreendi novamente.

Os programas noturnos dos Montevideanos são realmente diferenciados, é lógico que em cidades gigantes como São Paulo você pode encontrar coisas similares.

Mas estamos falando de uma cidade com menos habitantes do que Curitiba e eu nunca vi nada parecido por aqui.

A feira gastronômica era um labirinto de barraquinhas e food trucks, a maior que já vi até então.

Feira de livros 

De noite decidi percorrer algumas ruas do Cordón – o bairro onde estava hospedado, encontrei meus amigos e primeiro fomos a uma feira literária noturna.

Novamente fui surpreendido por Montevideo, e de novo quem me avisou sobre a feira foi o Leo.

Imagino que a feira aconteça uma vez por ano e foi algo muito legal de participar, nos outros dias já é possível observar que a cidade possui um alto número de livrarias de rua, que se misturam entre as que vendem livros novos e as que vendem usados também.

Nessa data em específico, as livrarias ficaram abertas até de madrugada e alguns desses eventos aconteciam no seu interior e exterior.

Fomos a Escaramuza Libros uma das mais famosas da cidade, a rua da frente estava fechada, nela havia centenas de livros expostos, rodas de conversas literárias, muita gente na rua aproveitando a noite, já no início da madrugada.

Fachada de livraria em Montevideo.
Escaramuza Libros lotada, detalhe, já passava da meia noite.

Noite em Montevideo 

Saindo da livraria, fomos andando até uma região com maior concentração de bares, a verdade é que Montevideo é recheada deles, porém, como nosso real é desvalorizado nos restou tomar umas cervejas que compramos no mercado e a segunda rodada de um distribuidora.

Encontramos alguns uruguaios que estavam indo a uma balada, ou “boliche” como eles falam por lá.

Meus amigos decidiram entrar e eu voltei para “casa” enquanto olhava as luzes e os bares de Montevideo.

Quanto à segurança, mesmo pela madrugada não percebi nenhuma ameaça, mas vale a precaução de não andar distraído ou com celular e outros bens à mostra quando você viajar para o Uruguai.

Quarto dia: o jogo

O meu quarto e último dia em Montevideo foi dedicado totalmente à final da Copa Sul-Americana, o principal motivador da viagem.

Acordei, tomei um café da manhã reforçado e fui direto ao hostel encontrar meus amigos.

A partida foi no Estádio Centenário, um dos mais icônicos do mundo e com muita história, entre elas jogos de copa do mundo e centenas de clássicos entre os dois principais times da cidade, Nacional e Peñarol.

📍 Estádio Centenário: 11400 Montevideo

Infelizmente, por conta da má organização, o estádio estava vazio, mas a experiência foi única, no final das contas meu time saiu campeão.

Vista do estádio centenário de Montevideo.
Estádio Centenário por dentro.

Depois do jogo caminhamos movidos pelo vinho até pararmos em um bar onde estava a torcida comemorando.

Voltei para o Airbnb daquele jeito e me forcei a acordar no outro dia para não perder meu ônibus de volta, que dessa vez foi direto de Montevideo até Curitiba.

Visões e outras respostas sobre o Uruguai 🤔

Esse foi o relato da minha viagem até o Uruguai, a minha visita ao país incluiu algumas pesquisas prévias e conversas com moradores de lá para entender melhor o contexto do país.

Eu já possuía uma grande vontade de viajar para o Uruguai, e após essa viagem, confirmei que nosso vizinho ao sul é um excelente destino, que espero voltar mais vezes.

O único ponto negativo fica para os preços, infelizmente a realidade é que o Uruguai é um país caro, mas com equilíbrio é possível conhecê-lo de maneira acessível.

Confira agora uma série de impressões, curiosidades e assuntos que podem te interessar sobre a República Oriental do Uruguai.

A relação do Uruguai com a maconha 

Muitos associam o Uruguai ao consumo da maconha, comportamento similar aquando pensamos na Holanda, principalmente Amsterdam.

A verdade é que apesar de ser regulamentada, a venda de cannabis legalizada ainda não é tão forte no país, por conta da defasagem de produção.

Por lá, observei duas relações distintas com o seu consumo, meu amigo que mora na pequena vila do interior me disse que a erva vendida pelo governo não chega nas farmácias de lá.

Porém, outra parte da lei permite que os cidadãos uruguaios se cadastrem como plantadores, podendo produzir seu próprio fumo. Em teoria, quem planta a maconha, pode distribuí-la apenas entre aqueles que ela determina ao governo como parte da sua rede.

Na prática, os “plantadores legalizados” acabam vendendo parte de seu plantio, que, dependendo do caso, é de qualidade superior à vendida pelo governo.

Já em Montevideo, Leo do Airbnb, me disse que possui um cadastro junto ao governo que basicamente indica ele como um usuário, o que permite que ele compre a erva direto nas farmácias que a comercializa.

Porém, não são todas as farmácias que fazem a venda, na verdade, são poucas, e quando a droga chega, é comum que filas se formem, ou a própria loja já faça a reserva antecipada dos pacotes.

Como o cadastro junto ao Ministério da Saúde é obrigatório, ele me disse que muitas pessoas preferem continuar comprando de redes paralelas, evitando expor sua privacidade dessa maneira.

Camiseta exposta em uma loja com os dizeres "cannabis legal".
Camiseta à venda em loja uruguaia.

Lojas nas cidades

Andando por Montevideo, e até mesmo Colonia Del Sacramento, é possível avistar lojas com pés de maconha dentro e outros itens relacionados.

Apesar de parecer em um primeiro momento, esses locais – em teoria – não vendem maconha, apenas produtos relacionados, feitos de cânhamo, itens de tabacaria e a própria planta para quem deseja começar a sua plantação.

Pude ver com meus próprios olhos que essa lei funciona apenas na teoria, já que em uma das lojas me foi oferecido comidas que levam cannabis em seu preparo e até mesmo a própria droga, logicamente com um preço elevado para turistas.

Consumo na cidade

A lei do Uruguai delimita que apenas cidadãos do país podem portar e usar a maconha, na prática, essa lei não parece funcionar, apesar da cautela ser necessária, ninguém quer ser detido, não é mesmo?

o consumo na cidade, nas ruas e parques é normal, pelo que pude perceber, nada diferente do que já estamos habituados nas cidades brasileiras.

interior de uma loja que vende coisas relacionadas a cannabis, como chapéus, camisetas e afins.
Loja cannabica.

Os alfajores 

Passando para a parte gastronômica do Uruguai, certamente provar alfajores é um esporte mais fácil de ser praticado no país.

Se a moeda não me permitiu provar alguns pratos nos restaurantes, ao consumo dos alfajores não me restringi.

Durante a minha estadia provei alfajores de 5 locais diferentes, sendo de duas padarias e três marcas que vendem em supermercados.

Para mim o melhor de todos são os que você encontra nas padarias, em sua maioria eles são tradicionais.

E ao contrário do que imaginamos no Brasil, o Alfajor tradicional não é banhado em chocolate.

As padarias comercializam o doce como duas massas parecidas com bolachas recheadas de doce de leite e passadas no açúcar, em alguns casos no coco também, ao redor do recheio.

Dentre essas duas opções gostei mais daquela que era passada no coco.

Já entre os alfajores industrializados, preferi o da marca Marley, que apesar do nome e da sua logomarca sugestiva, não tem maconha em sua composição.

foto de uma alfajor da marca Marley embalado.
O alfajor “campeão”.

Infelizmente encontrei o “Marley” apenas uma vez e não consegui trazer mais deles para o Brasil.

Dentre os outros 2 alfajores que provei estava o famoso Pollo y Pico, uma loja com diferentes filiais na cidade que vende frango, porém, ganhou fama por conta de seus alfajores.

Encontrei algumas informações indicando que esse é o melhor da cidade, apesar de não ser tão industrializado como as marcas de mercado, não achei nada de mais no Pollo y Pico.

Por fim, provei o Alfajor de las sierras de Minas que foi o que decidi trazer para casa, diz a marca que ela é a pioneira na fabricação do doce, reivindicando inclusive sua invenção, o alfajor era bom, mas não melhor que o Marley.

Quanto aos doces de leite uruguaios, encontrei uma unanimidade entre os moradores do país, a marca Conaprole, e realmente pude comprovar que ele é muito bom e foi minha escolha na hora de trazer algo para a viagem de retorno.

Contexto histórico

Dependendo do tipo de viajante que você é, e se você for igual a mim, o contexto histórico do país é interessante, e até que fácil de entender – por conta do seu tamanho -. Conhecendo ele, tive a sensação de que aproveitei mais a viagem.

Mas para frente vou indicar alguns materiais que consumi antes de ir para o Uruguai, mas de maneira rápida, o que estudei sobre o país se resumiu à:

  • Política recente, ascensão de Pepe Mujica, da Frente Ampla e a atual alternância de poder;
  • A história do país, que explica o porquê de ser nome ser antecedido de “República Oriental”;
  • A história dos escritos uruguaios mais famosos;
  • Um pouco sobre os índios charruas;
  • A história dos principais partidos políticos “blancos e colorados”;
  • Um pouco da geografia do país.

Saber a história dá boa base para entender o país, em que pé ele está hoje, quais são as suas relações com os vizinhos, com as demais nações estrangeiras e como a população que lá vive compreende sua nação.

De maneira geral, o povo uruguaio me pareceu solicito a conversar sobre esses temas, inclusive se abrindo sobre a história em conversas rápidas na rua.

Paixão pelo futebol, pelo mate e tranquilidade 

Passando para história menos “clássica” do país, observei que o uruguaio é um ser tranquilo.

Eu já tinha uma certa noção disso, eu e meu amigo Juan, que vive em La Charqueada, nos conhecemos no Rio de Janeiro, e sempre que ele avistava alguém com a camiseta da seleção uruguaia ou de algum time de futebol do país me falava:

“Observa o jeito que ele anda, se estiver tranquilo, andando sem preocupação, é uruguaio.”

E eu senti justamente isso no país, até mesmo em Montevideo, a capital e a maior cidade, o clima é de harmonia como em uma cidade do interior.

Tamanha tranquilidade e espírito do “no pasa nada” pode ser visto na paixão do povo por apreciar a vista enquanto toma mate, ou até mesmo na cultura do comércio abrir tarde.

Alguns locais abrem apenas depois do almoço, e os que funcionam de manhã erguem suas portas por volta das 10 ou 10:30.

Além do amor pela tranquilidade, o uruguaio também é apaixonado por futebol, por lá o “fut 7” é muito popular, e quadras do esporte estão espalhadas pela região metropolitana e os bairros mais afastados de Montevideo.

Para quem gosta do esporte, o país ainda é um prato cheio para assistir jogos da primeira divisão à moda antiga, com equipes longe da elitização que está envolvendo o futebol brasileiro.

Uruguaios vivendo suas vidas com tranquilidade
A tranquilidade uruguaia.

Livros, podcasts, filmes e vídeos para consumir antes de viajar para o Uruguai

Se você quer entender um pouco melhor a história do Uruguai e se conectar com o país antes da sua viagem, segue uma série de conteúdos que consumi antes da minha visita e que certamente tornaram minha experiência mais proveitosa.

Livros:

*Link patrocinado, comprando por ele você não paga nada a mais pelo produto e ajuda o Em Busca da Sintonia.

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Filmes:

  • A noite de 12 anos – Disponível na Netflix.

Documentários:

  • El pepe uma vida suprema – Disponível na Netflix.

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  • Montevideo por Eduardo Galeano:

 

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  • História do Uruguai: episódio 67 do podcast História Pirata.

Viajar para o Uruguai é caro?

Sim, viajar para o Uruguai é caro para nós brasileiros que ganhamos em real, alguns chegam a comparar os seus preços ao de um país europeu.

Pela minha experiência, eu digo que vale a pena viajar para o Uruguai economizando, indo de ônibus ou esperando por passagens aéreas mais baratas.

Uma vez estando no país, você pode se hospedar em hostels e Airbnb’s compartilhados, que dão uma boa ajuda nos custos.

A maioria das experiências podem ser feitas por conta, sem a necessidade de contratação de um tour, sendo fácil encontrar e pedir informações turísticas no país.

A única coisa que eu gostaria de ter agregado mais a minha viagem, mas infelizmente não foi possível por conta do dinheiro disponível, foram às experiências gastronômicas, que se resumiram aos alfajores e doces.

Viajar para o Uruguai: precisa de passaporte?

Não é necessário de passaporte para o viajar para o Uruguai, basta apresentar o seu RG – que deve ter sido emitido a no máximo 10 anos, caso contrário você não conseguirá entrar no país.

A dúvida contrária também é válida, se você não possui ou não quer viajar para o Uruguai com o seu RG, a entrada apenas com o passaporte também é permitida, e você ganha aquele carimbo maneirinho.

Lembrando que a CNH é inválida para entrada em países que não solicitam o passaporte obrigatoriamente.

O Uruguai é um país seguro?

Pela minha experiência, sim. As cidades menores me passaram bastante segurança. 

Já em Montevideo, acredito que a precaução é necessária, mas pelas minhas andanças que tive por lá e conversas com meu anfitrião do Airbnb, a cidade é mais segura que Curitiba, por exemplo.

Vale o adendo para não “dar bobeira” em bairros conhecidos por serem mais perigosos no período noturno, como o centro histórico.

Planeje sua viagem para o Uruguai 🎒

Depois de todas essas informações, acho impossível que você não esteja com vontade conhecer nossos vizinhos que um dia já fizeram parte do Brasil.

O Uruguai conta com belíssimas paisagens, suas histórias antigas e contemporâneas são ricas em detalhes e combinadas a um estilo de vida único que vale a pena ver de perto.

Se você está planejando viajar para o Uruguai, não deixe de entrar em contato para tirar suas dúvidas, será um prazer te responder!

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Felipe Sawaf

Felipe Sawaf

Olá, Eu sou o Felipe! Mais um ser humano em busca das coisas que fazem a vida valer a pena. Passei anos amadurecendo a ideia de ter o meu próprio blog de viagem, e em 2022 nasceu finalmente o Em Busca da Sintonia. Espero de coração que as minhas dicas e experiências ajudem você a viver as suas! Obrigado por ler o meu blog e nos vemos pelo mundo!

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