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O que você perde ao não visitar Nápoles: guia completo da capital do Sul da Itália

Eu gostei de Roma, achei Florença interessante e bonita, Veneza é maravilhosa, mas Nápoles tem algo único dentre as grandes cidade italianas, um ar mais “latino”, mais bagunçado, nada tão certinho, muitos mais cheiros de comidas e uma população com costumes próprios.


Publicado em 11/10/2023

Ao descer na estação e dar os primeiros passos para dentro do centro histórico ficou bem claro, estar em Nápoles, principalmente se você está vindo do norte da Itália, é como estar em outro país, com outra cultura. 

Nápoles não é a cidade ideal para turistas que desejam posar em pontos turísticos e ir embora, mas para viajantes, ela é um deleite, uma cidade que possui alma.

Descubra mais sobre essa cidade, sua história, os lugares a serem visitados e muitas dicas para você planejar sua visita pela cidade mais vibrante da Itália.

Por que visitar Nápoles? 🎒

Ainda não sabe se vai incluir Nápoles no seu roteiro pela Itália? Confira os fatores que fazem dela, para mim, uma cidade imprescindível ser conhecida e vivida:

  • Possui o maior centro histórico da Europa, que mantém o traçado das ruas da época da fundação da cidade pelos gregos há quase 2500 e é tombado pelo UNESCO;
  • É uma cidade belíssima, que abraça o mar do mediterrâneo e de onde é possível ver o Vesúvio de praticamente todos os lugares;
  • A arquitetura e o visual da cidade são únicos, a junção das roupas nas janelas, com as construções antigas, os restaurantes, as motos que cortam as vielas e muitos outros elementos fazem de Nápoles perfeita para quem gosta de admirar a vida e fotografar.
  • A cidade e sua população são a junção dos mais de 6 povos que dominaram o local e das diversas famílias que governaram Napoli durante esses 2500 anos de história;
  • É um oásis para os apaixonados por futebol e que gostam de entender a cultura ao redor do esporte;
  • Não é exagero dizer que as melhores pizzas da Itália estão em Nápoles, mas a gastronomia da cidade não se resume a apenas isso, para mim a culinária de lá é a melhor do país;
  • Os moradores locais seguem sua vida com autenticidade, ocupando todos os espaços da cidade como sempre ocuparam, sem haver divisões entre estabelecimentos feitos para turistas e aqueles onde os locais frequentam;
  • A partir de Napoli você pode visitar lugares ilustres, como Pompeia e a ilha de Capri.
Foto de uma galeria formada por um arco em Nápoles, nela é possível ver um varal de luzes, mesas de um restaurante e várias motos encostadas em sua parede.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Os 2500 anos de Nápoles resumidos em poucas linhas 📖

Agora, vamos entender como a cidade chegou aos dias atuais após ser fundada pelos gregos bem antes do romanos começarem a conquistar toda região da península itálica.

As margens do Mar Tirreno e ao lado do Vesúvio, a cidade que hoje conhecemos como Nápoles foi fundada em 21 de dezembro de 475 a.C. pelos gregos.

Mas, pera aí! Como uma cidade tão antiga pode ter uma data de fundação precisa?

Os historiadores têm a certeza de que Nápoles foi fundada no exato dia do solstício de inverno europeu, o que trazendo para o calendário atual, possibilitou a descoberta da data exata.


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*Os links de indicação acima levam para serviços que eu utilizo em minhas viagens e confio!


A lenda da sereia Partenope

Antes da fundação de Nápoles, já existia outra vila grega no lugar, chamada Partenope.

Segundo a lenda, a sereia Partenope, citada na Odisseia de Homero, morreu de decepção ao não conseguir deter o marinheiro Ulisses, mesmo utilizando o poder do seu canto.

O corpo da sereia foi parar na costa da península itálica, onde hoje está o Castel dell’Ovo, em Nápoles.

Uma pequena vila então foi fundada em homenagem à sereia, e em um primeiro momento teria recebido o seu nome.

Neápolis, a cidade nova

O nome de Partenope durou alguns anos, até a refundação da vila com o nome Neápolis (Nea Polis significa cidade nova em grego), crescendo a partir daí como um importante porto.

Se Neápolis era a cidade nova, qual era a cidade antiga?

O povo responsável por refundar o povoado era originário de Cuma, uma cidade que hoje é um sítio arqueológico próximo a Nápoles. Por conta de conflitos em sua cidade natal, alguns cumanos teriam sido expulsos de Cuma, esses decidiram então recriar a cidade onde haviam crescido, uma cidade nova, mas com todas as características da original.

Representação gráfica da Nápoles grega, mostrando a vista de cima de uma cidade murada com o Vesúvio ao fundo, a vegetação verde no entorno da cidade e o mar.
Representação da Neápolis grega. Fonte: Di Baku – Opera propria, CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=95992763

Napoli, a cidade multicultural

Com o passar dos anos Neápolis virou Napoli, e a cidade foi lar de diversas conquistas e trocas de poder, trazendo para ela uma pluralidade cultural, que é característica de grandes cidades portuárias mundo afora.

Só para ter uma ideia, esses foram alguns dos povos e reinos que comandaram Nápoles nos últimos milênios:

  • Gregos;
  • Samnitas;
  • Romanos;
  • Bizantinos;
  • Normandos;
  • Suábios;
  • Aragonês;
  • Bourbons.

Os Bourbons, uma linhagem de monarcas franceses, foram os últimos a governar Nápoles antes de sua anexação ao estado italiano.

Anexação que aconteceu em 1861, quando as tropas de Giuseppe Garibaldi, o “libertador” da Itália, invadiram Nápoles e informaram a população que o Reino das Duas Sicílias (cujo Napoli era a capital) não existia mais, e a partir dali tudo faria parte de um mesmo estado, chamado Itália.

O básico sobre Nápoles 📑

Agora que você já sabe um pouco sobre a longa história de Nápoles, confira algumas das principais características dessa cidade.

Onde fica Nápoles?

Nápoles é a capital da região da Campania, localizada no sul da Itália a cerca de 200 km de Roma.

Mada da Itália, com destaque para Nápoles mais ao sul da Itália.

Qual a melhor época para ir a Nápoles

O clima de Nápoles não é tão frio como em outras regiões da Itália, porém em alguns meses a cidade apresenta altos índices de chuva.

Visitei Napoli na primeira quinzena de abril e as temperaturas ficam próximas aos 20 graus durante o dia, com um frio de cerca de 10 graus de noite e sem chuva.

A melhor época para visitar a cidade é nos meses de junho, julho e agosto, quando as temperaturas estão mais elevadas (média de 25 graus) e as chuvas são mais raras.

A partir de setembro a cidade já entra em seu período mais chuvoso que dura até março.

Como chegar a Nápoles

Como Nápoles é a terceira maior cidade da Itália e a principal do sul do país, chegar até ela é fácil independente do meio que você escolha.

Chegar a Nápoles de trem

Eu cheguei em Nápoles de trem, a opção mais rápida e cômoda, um trem de categoria rápida faz o percurso entre Roma e Nápoles em cerca de 1 hora.

Mas fica a dica, para garantir um bom preço nas passagens, compre seus bilhetes com antecedência.

A passagem do trecho Roma – Napoli custa atualmente 18,90 euros se comprada com cerca de um mês de antecedência no site da Trenitalia (principal e maior companhia do país).

Se você deixar para comprar alguns dias antes pode pagar até 52 euros pela mesma viagem.

De carro

Se você estiver de carro, levará 2h30 para chegar em Nápoles partindo de Roma, para isso, basta acessar a A1 (autoestrada 1) a principal estrada da Itália, que liga Milão a Nápoles passando por Florença e Roma.

De avião

Você também pode chegar a Nápoles de avião, pousando no Aeroporto Internazionale di Napoli, que fica a cerca de 5 km do centro da cidade.

Quantos habitantes possui a cidade e quem nasce em Nápoles é o que?

A cidade de Nápoles possui pouco mais de 1 milhão de habitantes, mas contando com a sua região metropolitana são mais de 3 milhões de pessoas morando na região.

As pessoas originárias da cidade são conhecidas como napolitanas.

Napoli Itália: mapa

Confira o mapa de Nápoles:

20 lugares para visitar em Nápoles 📷

Nápoles não é apenas um ponto de apoio para se conhecer Pompeia ou a Costa Amalfitana, a cidade e o seu ritmo já é uma atração por si só, mas dentro dela estão alguns lugares que valem a pena conhecer, confira 20 deles:

Centro histórico de Nápoles

Nápoles foi construída sob a influência de diferentes povos e reinos, e o seu atual centro histórico é o local que mais absorveu essas diferentes culturas em suas construções.

Foto de um monumento envolto a faixas transversais azuis e brancas que saem dos prédios que estão ao seu redor.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Formado por ruas estreitas, vielas e praças, o centro histórico de Nápoles é o maior de toda a Europa, e mantém o seu traçado original, da época da fundação de Neápolis.

Dentro do perímetro do centro estão cerca de 30 museus e 300 igrejas, e o destaque para mim ficou com o visual dos prédios, os arcos e o movimento.

Nas ruas estreitas do centro histórico, o tráfego de carros é bem limitado, por isso, as motos do estilo Scooter ganham as ruas e passam a todo instante, principalmente pela Via dei Tribunali.

Confira o mapa do centro histórico de Nápoles:

Via dei Tribunali

A Via dei Tribunali é a principal rua do centro histórico de Nápoles e o coração da cidade antiga.

Eu poderia dizer que ela é o coração turístico, mas após passar várias vezes por ela, percebi em Nápoles algo diferente. 

Em cidades grandes que recebem muitos turistas, mas cuja boa parte da sua população não depende do turismo, é comum que existem lugares “feitos para turistas”, onde os locais não costumam ir e os serviços acabam sendo mais “maquiados”, o famoso “para gringo é mais caro”.

Foto de uma rua com aspecto antigo, há construções e lojas ao redor, há pessoas andando na rua e motos passando.
Foto: IStock

O lugar perfeito para isso em Nápoles seria a Via dei Tribunali, mas por ali isso não acontece. Experimente passar por ali no domingo ou em um feriado, as ruas estarão cheias de turistas certamente, mas os napolitanos também estarão aos montes.

Isso faz da Via dei Tribunali um lugar autêntico, uma rua comercial que era importante para os gregos há 2500 anos, e que mantém o status até hoje, só que com muitas mais motos.

Inclusive, tome cuidado, a Via dei Tribunali é estreita e os napolitanos não se importam de passar com suas motos por ali.

Spaccanapoli

Paralela a Via dei Tribunali para baixo (o centro histórico de Nápoles está em uma colina que desce em direção ao mar), está a rua chamada de Spaccanapoli, que significa “divisora de Nápoles”

Ela é a principal reta que corta todo o centro histórico, contendo também muito comércio, que vão desde restaurantes a brechós e sebos.

O nome oficial da rua é Via Benedetto Croce, mas pode procurar ou perguntar por Spaccanapoli que todos saberão onde é, e por ali as motos são mais raras.

Via San Gregorio Armeno – Rua dos presépios

Ainda dentro do centro histórico está a famosa Via San Gregorio Armeno, conhecida por conta das diversas lojas de artesanato que vendem sobretudo presépios.

Rua com aspecto antigo, os prédios ao redor dela formam um corredor conectado por um arco que faz parte de um dos prédios. Há lojas nas fachadas, bandeiras penduras sobre a rua e muitas pessoas trafegando a pé.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Tudo fica ainda mais interessante quando você conhece a história da rua. Durante o período do romano, a rua abrigava um templo a uma deusa romana, e os fiéis levavam estatuetas de terracota como parte de uma oferenda, imagens que começaram a ser vendidas por artesãos ao redor do templo.

No século X (10) um mosteiro foi construído sobre a fundação do antigo templo, e as famílias de artesãos que ainda viviam por ali passaram a ser contratadas para fazer imagens católicas.

Porém, foi apenas no século XVIII (18) que a rua ganhou fama realmente, nessa época os artesãos dali inventaram o presépio napolitano, que retrata a natividade de cristo misturada a elementos do cotidiano.

As artes são de todos os tamanhos e tipos, você pode inclusive comprar itens separados para montar o seu próprio presépio.

Foto de uma loja que vende apenas presépios, a facha dela tem alguns em exposição e olhando para dentro dela é possível ver vários deles.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Essas lojas estão abertas durante o ano todo e lotadas, mas ouvi falar que próximo ao Natal fica tudo mais insano ainda, o que eu nem consigo imaginar.

Mesmo se você não tiver intenção de comprar um presépio, vale a pena passar pela rua e admirar a criatividade dos artesãos.

Veja também: 5 documentários de viagem para assistir e se inspirar

Museu Arqueológico Nacional de Nápoles (MANN)

O principal museu de Nápoles é também um dos mais importantes da Itália e um dos primeiros do mundo

Sua história começou em no século XVIII (18), quando o monarca do Reino de Nápoles, Carlos de Bourbon, deu início as escavações nas cidades romanas soterradas Pompeia e Herculano, reunindo os itens encontrados em um pequeno museu.

O prédio onde está o MANN foi construído no final de 1500 para ser uma escola de equitação que em 1777 foi reformado batizado como Museu Real do Bourbon, recebendo os itens coletados nas cidades que foram engolidas pela erupção do Vesúvio e outros itens que pertenciam à família Bourbon.

Foto da fachada de uma construção, o prédio lembra a arquitetura colonial, com grandes portas, sendo adornado por contornos de pedra sobre as janelas e em sua "moldura", o edifício é da cor laranja.

Em 1860 o local passou a ser nacional e sua galeria de arte foi transferida para outro local, transformando o MANN em um museu de caráter arqueológico.

Principais coleções do MANN:

  • Mosaicos de Pompéia: alguns dos principais mosaicos achados em Pompeia, como o que retrata Alexandre, o Grande, estão no MANN. Os expostos na escavação são réplicas;
  • Afrescos da região: afrescos da época romana achados em toda região de Nápoles também estão no museu;
  • Magna Grecia: a exposição Magna Grecia apresenta itens da cultura grega que também foram encontrados na região da cidade;
  • Coleção Farnese: a família Farnese foi influente em Roma durante o início do renascimento, comprando uma grande quantia de obras romanas, que estão expostas no MANN atualmente;
  • Gabinete secreto: o gabinete secreto é uma das salas mais procuradas no museu, nelas estão expostos cerca de 250 artefatos de temática erótica encontrados principalmente nas escavações de Herculano e Pompeia.

Eu infelizmente não tive tempo de visitar o MANN, mas fica aqui a minha sugestão para ir lá após visitar Pompeia, já que são experiências que se complementam.

📍Endereço do Museu Arqueológico Nacional de Nápoles: Piazza Museo, 19

Horários e ingresso: o museu fecha apenas às terças-feiras (exceto quando ela cai em feriados); o ingresso custa 22,00 euros, é válido por 2 dias consecutivos e pode ser comprado no site Coop Culture, vendedor indicado pelo museu.

Praça do Plebiscito

Uma das principais praças da cidade, possuindo 25 mil metros quadrados, a Piazza del Plebiscito recebeu esse nome em 1860, por conta do plebiscito que aconteceu no mesmo ano e definiu a anexação do Reino das Duas Sicílias ao estado italiano.

Nela estão algumas construções importantes. A mais emblemática delas é a Basilica San Francisco da Paola, finalizada em 1816, que se destaca por conta de suas colunas, que me lembraram o Vaticano.

Do outro lado da Basilica está o Palazzo Reale di Napoli, construído em 1600, sede de diferentes governos que comandaram Nápoles e a região até a unificação da Itália no século XIX. O prédio é atualmente um complexo museológico que inclui um teatro onde as óperas se apresentam.

Você pode comprar o bilhete para visitar o Palazzo por 10 euros.

Nas outras pontas da praça estão a Prefeitura de Nápoles e o Palazzo Salerno, construção de 1775 que hoje abriga a sede do Comando das Forças Operacionais do Sul do Exército Italiano.

Foto de uma praça ampla toda calçada, ao seu fundo é possível ver uma construção com diversas colunas, que circundam a praça, mais ao fundo é possível ver prédios antigos.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Castel dell’Ovo

Descendo para parte da cidade que fica mais perto do mar, você encontrará um dos castelos da cidade, sim Nápoles possui diversos castelo espelhados pela cidade, e o Castel dell’Ovo é o mais famoso, por conta sua privilegiada posição e de sua antiguidade, a construção começou a ser formada a partir do século I a.C.

O castelo era o palácio real dos soberanos de Nápoles até o início do século XVI e o seu curioso nome derivada de uma lenda, a qual um mago teria escondido um ovo mágico nas dependências do Castelo, e caso esse ovo se quebrasse a estrutura e outros lugares de Nápoles entrariam em colapso.

Veja também: Pôr do sol em Roma: 5 lugares com vistas espetaculares

Pelo que vi, o Castel dell’Ovo está atualmente fechado para visitações, mas vale muito a pena visitar sua fachada. 

Foto de um castelo antigo, de pedras cor caramelo escuro, atrás dele é possível ver o mar.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Como ele está sobre um ilha que pode ser acessada por uma passagem sobre o mar, seus arredores são um ótimo lugar para apreciar a vista e tirar fotos, além disso, chegando mais perto do castelo descobri um “segredo”.

Bairro “escondido” do Castel dell’Ovo

Enquanto estava admirando o Castel dell’Ovo um carro acessou a passagem que leva até o castelo e sumiu da minha vista antes de chegar à construção, fazendo uma curva à esquerda.

Chegando mais perto do castelo descobri então que existe uma rua logo ao lado dele e que a antiga construção não é a única na pequena ilha. Existe um pequeno bairro colado ao Castel dell’Ovo, formado basicamente por restaurantes e uma marina.

Castel Sant’Elmo e Belvedere San Martino – vista panorâmica para a cidade

Foto de uma montanha, e no alto dela está uma construção, um castelo, acima é possível ver o céu nublado.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Continuando no rastro dos castelos de Nápoles, temos o Sant’Elmo, que pode ser visto de diferentes partes da cidade, já que fica em uma montanha logo atrás do Quartieri Spagnoli.

O castelo, construído para ser um forte militar entre 1537 e 1547, possui um formato hexagonal, que lembra uma estrela quando visto de cima. Mas, o principal atrativo dele é a vista para toda a cidade e o Golfo de Nápoles.

Para chegar até ele você pode subir uma escadaria ou pegar um funicular, que sai da Stazione di Montesanto, localizada próxima a Via Toledo. O ticket para funicular custa pouco mais de 1 euro e a estação que chega mais perto do castelo é a Morghen.

Uma vez em cima do monte você estará um bairro, vale a pena dar uma passeada por lá, e depois de alguns minutos de caminhada chegará ao Castel Sant’Elmo.

Foto de um muro antigo feito de pedra, nele é possível ver algumas janelas e portas.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

A partir daí você tem duas escolhas: apreciar a vista do Belvedere San Martino, de onde é possível ver uma parte da cidade e o mar, ou entrar no castelo e apreciar a vista para todos os lados da cidade.

Foto de Nápoles vista de cima, é possível ver diversos prédios e ao fundo o Vesúvio, em formato de "corcova de camelo"
Vista do Belvedere San Martino. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Infelizmente, eu não comprei meu ingresso antecipadamente e a fila da bilheteria do castelo estava enorme, me contentei então com a visão do Belvedere San Martino, que também é espetacular.

Você pode comprar o ingresso para o Castel Sant’Elmo antecipadamente por 5 euros.

Castelo Novo

Foto da marulha de um castelo, em formato redondo e com o topo com pequenas aberturas na parede para observação. Ao fundo é possível ver uma montanha com outro castelo em seu topo.
Uma das torres do Castel Nuovo com o Castel Sant’Elmo ao fundo. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Construído a partir do ano de 1279, o Castel Nuovo visava substituir o Castel dell’Ovo como sede dos monarcas que governavam Nápoles e a região, mas a partir de 1494 ele ganhou status de forte militar.

O castelo fica bem em frente ao porto de Nápoles, especificamente o Molo Beverello, local de onde saem os barcos para Capri e as cidades da Costa Amalfitana.

Castel Capuano

Na extremidade da Via dei Tribunali que vai sentido a estação de trem de Nápoles está o Castel Capuano, mas um dos diversos castelos que a cidade guarda.

Construído no século XII (12) ele é o mais modificado de todos os castelos da cidade, até por isso chama menos atenção, quando passei por ele não notei que era uma construção real ou algo do tipo.

Pio Monte della Misericordia – Museu de Caravaggio

Na Via dei Tribunali, próximo aos fundos do Duomo de Nápoles está uma igreja que guarda tesouros da arte, o Pio Monte della Misericordia.

Construída em 1602 a mando de jovens que fundaram uma instituição de mesmo nome, a igreja pode passar despercebido de muitos, já que o seu prédio não possui as características de um prédio religioso.

Porém, lá dentro estão alguns quadros de Caravaggio que foram pintados ali mesmo a fim de servirem como decoração para a nova igreja que acabava de ser inaugurada.

O ingresso para acessar o Pio Monte della Misericordia e apreciar as obras de Caravaggio custa 10 euros e pode ser comprado online no site da igreja.

Catedral de Nápoles, Capela do Tesouro e cripta de San Gennaro

No coração do centro histórico, bem próxima a Via dei Tribunali e na Via Duomo, está a catedral de Nápoles, ou Duomo, como é chamada pelos italianos.

Ao contrário de outras catedrais da Itália, como a de Florença ou a de Veneza, a de Nápoles não transmite uma grande imponência no primeiro olhar, mas isso tem muito a ver com a característica da cidade.

Como o centro histórico mantém o traçado da época da fundação da cidade pelos gregos e as construções foram se desenvolvendo nessa área, não havia espaço para a construção de um grande praça ou uma igreja com diversas fachadas, o Duomo de Nápoles foi construído então “encaixado” nos prédios do entorno, entre os anos de 1299 e 1314.

Foto da fachada da catedral no estilo gótico e com uma cor branca-amaraleda.

Apesar de ser dedicada a Santa Maria de Assunção, é na catedral de Nápoles que os cidadãos da cidade fazem as suas orações para o seu padroeiro, San Gennaro, que recebeu uma capela dedicada no local.

Foto de uma rua com prédios, em um dele está um mural que retrata uma pessoa olhando para cima com roupas eclesiásticas.
Mural dedicado a San Gennaro.

A capela de San Gennaro ficou conhecida como Capela do Tesouro, já que nela estão relíquias do santo, como os seus restos mortais e uma ampola que supostamente contém o seu sangue, que se liquefaz sempre que a data em comemoração ao santo se aproxima (19 de setembro).

A superstição faz parte da vida dos napolitanos, e San Gennaro é lembrado por toda a cidade, seja em muros, monumentos ou pequenos quadros e estátuas dentro dos estabelecimentos.

Esse estigma de proteção ao entorno do santo ganhou força em 1631, ano em que o Vesúvio entrou em erupção novamente, segundo a tradição local a erupção parou quando uma estátua e relíquias de San Gennaro foram levadas às ruas em procissão justamente para pedir proteção à cidade.

A entrada no Duomo di Napoli é gratuita, apenas o acesso a Capelo do Tesouro e as relíquias de San Gennaro é cobrado, sendo possível comprar o ingresso na hora.

Napoli Subterrânea

Uma cidade com tantos anos de história como Nápoles com certeza guarda alguns segredos, como o subterrâneo.

Esse é mais um dos passeios que só descobri quando estava lá e por conta da falta de programação, somado ao tamanho da fila para comprar o ingresso na hora, não consegui fazer.

Os subterrâneos de Napoli são formados por diversas galerias esculpidas desde a fundação da cidade, por lá é possível ver a estrutura de um antigo teatro romano, que se misturou com as casas que estão na superfície logo acima.

Além disso, as galerias também guardam um museu dedicado à Segunda Guerra Mundial, contando a história dos mais de 40 mil napolitanos que se abrigaram no subterrâneo para fugir dos bombardeios.

A entrada para o tour Napoli Subterrânea fica em uma entrada ao lado da Basilica di San Paolo Maggiore na Via dei Tribunali, os ingressos custam 15 euros e podem ser adquiridos no site da atração.

Estádio Diego Armando Maradona

Mais a frente vou falar da ligação especial dos napolitanos com o futebol e com o Maradona, mas fica aqui a indicação, se você gosta de futebol e da cultura ao entorno do esporte, tente ir a um jogo do Napoli no maior estádio da cidade.

Você pode chegar até lá de metrô, trem ou ônibus, basta pegar uma linha que pare nos arredores do estádio, ou seguir os milhares de napolitanos que estão indo até lá em dia de jogo.

Os ingressos para os jogos podem ser adquiridos na plataforma oficial do Napoli e começam a ser vendidos alguns dias antes das partidas.

Foto de um estádio visto de cima, com o gramado verde e arquibancada de dois andares em diferente tons de azul.

Estações do metrô ou galerias de arte?

Quem vê o aspecto um tanto caótico de Nápoles nem imagina que algumas das suas principais estações de metrô da cidade são verdadeiros tesouros artísticos. Vale a pena dar um “rolê” de metrô em Nápoles apenas para observar essas estações.

As principais delas são: 

  • Toledo: indicados por muitos como a estação de metrô mais bonita do mundo;
  • Università: trazendo um aspecto mais jovem e colorido, essa estação tem tudo a ver com o clima de uma universidade;
  • Museo: preparando o clima para quem vai até o Museo Arqueológico Nacional de Nápoles, a estação Museo conta com uma temática que remete ao que pode ser visto no interior do prédio.
Foto de duas escadas rolantes, no entorno delas estão parede e tetos cobertos de pastilhas azuis.
Interior da estação Toledo.

Via Toledo

Foto de uma rua com prédios em seu entorno, a maioria de tons claros, repleta de apés trafegando nela.

Demarcando o fim do centro histórico e descendo até a Piazza del Plebiscito a Via Toledo é uma das principais ruas de Nápoles, e o principal centro comercial da cidade.

Por ali se encontram lojas de diferentes tipos, bares, cafés, restaurantes, a grandiosa Galleria Umberto I e a entrada para o Quartieri Spagnoli.

Por ser o principal ponto comercial da cidade, e pelo que observei, o maior ponto de encontro para os napolitanos, a Via Toledo costuma estar sempre movimentada, “transbordando” de gente durante domingo e feriados.

Não vi nenhum shopping nas proximidades do centro do Nápoles, acho que a Via Toledo faz esse papel, é lá que os napolitanos se encontram para passear, e pensar que esse costume já vem de centenas de anos.

Galleria Umberto I

Inaugurada em 1890 para trazer novos ares a Nápoles, a Galleria Umberto I é uma imponente construção que se caracteriza pelo seu teto de ferro e vidro, lembrando muito a Galleria Vittorio Emanuele II em Milão.

Localizada bem no final da Via Toledo a Galleria até destoa do padrão arquitetônico de Nápoles, vale a pena entrar nela, seja para descansar durante um passeio ou visitar as suas lojas e restaurantes.

Foto de prédios conectados por um imponente teto de vidro sustentando por uma estrutura metálica.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Quartieri Spagnoli e o “santuário” de Maradona

Entrada de uma rua estreita, com prédios ao formando um corredor ao seu redor.
Uma das entradas para o Quartieri Spagnoli. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Construído para abrigar soldados espanhóis na época que o Reino de Nápoles fazia parte do Reino da Espanha no século XVI (16), o Quartieri Spagnoli que hoje é um dos locais mais turísticos e icônicos da cidade era na verdade um complexo de alojamentos planejados.

Sua localização também tem explicação lógica, ele está logo abaixo do Castel Sant’Elmo, onde os milatares realizavam suas atividades. 

Ainda com os militares morando por lá o bairro já começou a ganhar suas características que o acompanharam por anos, uma densidade populacional muito grande que possibilitou o crescimento da criminalidade, casas de jogo e prostituição.

Com o passar dos anos a população foi substituída por imigrantes que chegavam a Nápoles e encontravam no Quartiere um lugar central e barato de se morar, característica que se mantém até hoje.

Porém, com a ascensão da Via Toledo – rua que margeia todo o bairro – como um importante centro comercial e que guarda os principais escritórios da cidade, o Quartieri Spagnoli foi perdendo sua fama de perigoso, pelo menos durante o dia, e hoje é um excelente lugar para observar o modo de vida icônico dos napolitanos.

É em uma das ruas espremidas desse bairro que fica o “santuário” dedicado à Maradona, para chegar até lá você deve seguir pela Via Toledo até a Via Emanuele de Deo, uma das vielas que sobem o bairro.

Basta seguir na Via Emanuele de Deo e depois de 280 m você estará no mural que acabou juntando diversas peças ligadas a Maradona e ganhou características de santuário, principalmente após a sua morte.

Foto da fachada de um prédio, nele está um mural que retrata Maradona, de uniforme do Napoli como se estivesse jogando futebol.
O santuário de Maradona. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Posillipo: bairro tranquilo e com mirantes

Se você quer conhecer uma Nápoles diferente e com belas vistas para o mar do mediterrâneo, vá até o bairro de Posillipo.

Por lá você encontrará bares e restaurantes com vista e algumas praias que ficam entre a encosta rochosa. 

Fica a dica também para um lugar mais calmo e fora da agitação do centro para se hospedar. 

Apreciar a cidade: uma atração à parte em Nápoles 🏙️

Acima você conheceu os principais pontos turísticos de Nápoles, mas a verdade é que a cidade inteira pode ser apreciada.

Além da pizza, Nápoles é muito famosa por conta de sua imagem “bagunçada”, aquela clássica cena das roupas penduradas na janela, as ruas estreitas do centro histórico, as motos passando.

Foto da fachada de um prédio em Nápoles, o edifício é no tom amarelado e possui vários elementos, como janelas adornadas com plantas , uma porta contornada por um pórtico de pedra, faixas azuis e brancas que remetem ao time da cidade e roupas penduradas nas janelas.
Uma fachada tipica napolitana. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Recomendo que você separe uma manhã, uma tarde ou um dia inteiro para apenas descobrir a cidade, observar coisas que não estão nos guias.

Na cidade os prédios antigos se misturam as igrejas, são mais de 400 em toda a cidade, e geram cenas como essa:

Foto da parte de cima da fachada de uma igreja, é possível observar que ela está "espremida" por 2 prédios que são maiores que ela ao seu lado.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Outro cenário que me chamou a atenção foi esse: um “prédio” construído nas fundações do que era claramente a muralha da cidade e um dos seus mirantes.

Foto de prédios construídos em cima do que claramente era uma muralha antiga feita de pedras cinzas.
Prédios construídos dentro e em cima da antiga muralha da cidade. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Aprecie também a superstição dos napolitanos as diversas referências a santos católicos que estão encravados nas paredes dos prédios.

Se você for ver Nápoles pelo ótica do caos, da desordem urbana, pelo menos pense que é um caos que vem se desenhando dessa for a mais de 2 milênios, não só com relação da arquitetura da cidade, mas os seus moradores também, o seu modo de vida é resultado de mais de 2 mil anos de vida em uma cidade.

Veja também: Civita di Bagnoregio: guia essencial para visitar a vila italiana

Onde se hospedar 🛏️

Durante meus dias em Nápoles me hospedei em um Airbnb no centro histórico colado na Via dei Tribunali.

O prédio e o apartamento também foram uma atração à parte da cidade. Logo na chegada, já tive uma experiência autêntica napolitana como o dono do Airbnb chegando em sua lambreta em meio a rua apertada para entregar a chave.

O prédio é uma construção antiga, provavelmente do fim da idade média, já que o dono garantiu que a porta do edifício foi projetada por Caravaggio. Claro, com o passar dos anos a construção sofreu diversas modificações para se modernizar, mas não deixou de ser fascinante.

Foto de um quarto, com uma cama, uma pequena cozinha ao lado, uma mesa ao lado da cama e em frente a cozinha e mochilhas em cima da cama.
O interior do Airbnb

O apartamento era aconchegante, com uma pequena cozinha e logo no primeiro andar do prédio.

📍Informações: o apartamento fica ao lado da Via dei Tribunali em uma pequena praça colada com uma das paredes do Duomo, pagamos R$530,00 por noite para 3 pessoas. Você pode reservar o mesmo apartamento pelo Airbnb.

Vou falar com detalhes sobre a segurança na cidade mais para frente, mas essa também era uma das minhas preocupações. Porém, Geova, o dono do Airbnb, garantiu que trafegar pela Via dei Tribunali é tranquilo seja o horário que for.

E foi essa experiência que tive, apesar da “bagunça” da rua movimentada, não vi nada fora do normal por ali, inclusive de madrugada e ao amanhecer.

Foto da fachada de um prédio de 4 andares, pintado em um tom de amarelo-queimado e com uma grande porta de madeira contornada por um arco de pedra.
A fachada do Airbnb

Futebol: um capítulo à parte na história e no cenário de Nápoles ⚽

Uma rua com prédio antigos repleta de bandeiras e faixas nas cores azul e branca que cruzam de um prédio para outro.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

É impossível caminhar em Nápoles e não observar as cores azuis e brancas que tomam conta das varandas e atravessam as ruas. 

As cores são do Napoli, o principal time da cidade. 

Eu gosto de futebol e gosto de sociologia, então essa foi uma das coisas que mais gostei na cidade, é uma conexão fora do comum.

Facha de um prédio com algumas bandeiras azuis e brancas penduradas em suas janelas.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Creio que não seja assim em todos os anos, mas especialmente em abril de 2023 o Napoli estava perto de conquistar o campeonato italiano depois de 32 anos, o que realmente aconteceu no mês seguinte.

Por tanto, a cidade já estava em polvorosa com a conquista, ruas decoradas, bandeiras para todos os lados e referências ao time em qualquer lugar que eu olhasse.

Esse é um ponto bem interessante que mostra como os napolitanos têm uma cultura diferente. 

Nas outras cidades da Itália não vi ninguém andando com camisetas de times locais, ou bandeiras penduradas na janela, como se o futebol fosse bem separado do cotidiano.

A minha explicação nada oficial para isso, é que Nápoles só possui um time grande, logo não existe rivalidade na cidade, basicamente todos os cidadãos de uma região com 3 milhões de habitantes torcem para o mesmo time.

Junte isso ao fato de que o sul da Itália sempre foi segregado, sofrendo preconceito do norte, e o Napoli é o único time grande do sul, o único a ganhar títulos além dos que estão de Roma para cima.

Veja também: Basilíca de São Francisco de Assis: tudo o que você precisa saber para visitar um dos principais templos religiosos da Itália

Se você, assim como eu, não tiver a sorte de estar em Nápoles quando o time jogar por lá, tente ao menos ver um jogo do Napoli pela televisão em um dos bares da cidade. A maneira de torcer é bem caricata, com muitos palavrões e gestos com as mãos.

Foto de duas placas que representam um homem cada em meio a uma rua de Nápoles, ambos estão com o uniforme de Napoli e são jogadores do time.
Placas do georgiano Khvicha Kvaratskhelia e do nigeriano Victor Osimhen nas ruas de Nápoles, os maiores ídolos do time que conquistou o campeonato italiano em 2023. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Maradona: um santo para o napolitanos

Foto de uma placa de mármore colada em um parede que diz: Largo Diego Maradona, Quartieri Spagnoli, local onde fica o "santuário" de Maradona em Nápoles.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Junto a todas as demonstrações de apoio e amor ao Napoli estão diversas referências a Maradona, que jogou pelo time da cidade entre 1984 e 1991, ajudando a conquistar os títulos mais importantes da história da equipe até então: dois campeonatos italianos e uma copa da UEFA.

Depois que Maradona foi embora, o Napoli só voltou a ganhar um título de expressão em 2023 e nesse meio tempo flertou com a falência.

Por isso, fica claro que os torcedores napolitanos sempre ligaram o período mais glorioso do time à presença do argentino, que possui ares de santo na cidade, o que intensificou ainda mais após sua morte em 2020.

E não é exagero, muitos lugares da cidade possuem homenagem a Maradona, o próprio estádio do Napoli leva o seu nome. Mas o maior expoente dessa devoção é o já citado “santuário” dedicado ao jogador que fica em meio aos prédios do Quartieri Spagnoli.

Gastronomia: a comida é melhor em Nápoles? 🍕

É quase impossível não associar Nápoles com pizza, inclusive, antes de começar a planejar minha viagem para lá confesso que era a única coisa que eu sabia sobre a cidade.

Mesmo sabendo que lá é a “terra da pizza”, eu fui surpreendido, para os napolitanos a pizza é cultura, e para quem vai até lá um parque de diversões gastronômicos. 

Para além da pizza, a cidade oferece outras receitas que valem a pena ser mencionadas. Confira abaixo algumas dicas do que comer e onde comer em Nápoles.

Onde comer pizza em Nápoles?

Obviamente eu não comi todas as pizzas de Nápoles, mas fiquei com a impressão de que você pode ir a qualquer lugar que vai sair satisfeito.

Foto de uma pizza com uma mão em cima, para mostrar o seu tamanho, a pizza da cerca de 3 vezes o tamanho da mão.
Uma pizza individual em Nápoles, essa da Pizzeria dal Presidente. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Nos dias em que estive lá, foi impossível não sair para comer uma pizza individual diariamente, e assim ficou o meu o “ranking” de pizzarias em Nápoles:

  • Pizzeria dal Presidente: ganhou pelo conjunto da obra: boa pizza, decorado com fotos da família que trabalha ali, assentos para as cadeiras com escudo do Nápoles e frequentado por locais, para mim, a experiência máxima da gastronomia italiana.

📍Endereço: Via dei Tribunali, 120; pizzas individuais (nada pequenas) a partir de 6 euros;

Fachada de uma pizzaria, com bandeiras azuis remetendo ao Napoli em cima dela, pessoas a sua frente e o letreiro com o seu nome em cima da porta "Pizzeria dal presidente"

  • Mammina Napoli: vale a pena encarar a fila, fica a sugestão para pegar o sabor que leva o nome do restaurante “Mammina”, é surreal.

📍Endereço: Via Duomo, 235; pizzas individuais a partir de 7 euros.

  • Donna Sofia Ai Tribunali: um bom achado quando todas as outras pizzarias da rua já estavam cheias;

📍Endereço: Via dei Tribunali, 89.

Essas foram as pizzarias que consegui visitar, e existem centenas de outras por lá. Vou passar uma dica que não é minha, mas sim do meu anfitrião do Airbnb: qualquer pizzaria na Via dei Tribunali vai ser boa, as melhores estão ali.

E aqui uma dica minha: não demore para sair jantar, as melhores ficam com grandes filas ou fecham antes do horário previsto. Por exemplo, tentei ir à Pizzeria dal Presidente outras duas vezes, mas sem sucesso, o salão já estava cheio e o serviço encerrado.

Outros pratos que valem a pena serem provados na cidade

Nápoles não se resume a pizza, por lá descobri outras coisas que fazem parte da culinária local e que valem a pena serem provadas:

  • Pizza frita: ainda é uma pizza, só que com a massa frita. Pelo que vi, todas as pizzarias servem essa opção e em muitos lugares que vendem comida na rua. A pizza frita se difundiu em Nápoles por conta de épocas mais difíceis, onde acender um forno a lenha era mais caro e demorado.
  • Babá al rum: uma espécie de pão doce embebido em uma calda de rum, normalmente acompanhado de creme e frutas. Perdi a conta de quantos comi;
  • Sfogliatella: doce de massa folhada típico da cidade;
  • Arantino e frittatina: diversos estabelecimentos da cidade, principalmente no centro histórico, colocam estufas voltadas para rua e vendem alguns “salgados”, lembrando o nosso costume de comer coxinhas e outros lanches rápidos. No caso de Nápoles as frituras recebem recheios de diferentes sabores.
  • Porção de frutos do mar: vá até a Via Portamediana 5, encontre a Pescheria Azzurra e peça uma porção de frutos do mar fritos.
Foto de um copo de plástico com um doce que intercala pão e quebre branco, em seu topo há uma colher.
O Babá al Rum de Nápoles. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

O que fazer perto de Nápoles 🗺️

Além de todas as possibilidades de passeio que Nápoles oferece, a cidade também serve como base para se conhecer outros lugares famosos.

Vesúvio

O monte Vesúvio faz parte do cenário de Nápoles, além de admirá-lo de longe, você pode subir até a sua borda e visualizar a cidade e toda a região lá de cima.

A trilha começa há 1000 metros de altitude, onde é possível chegar de carro ou ônibus. A partir daí são 800 metros de caminhada até chegar à cratera do vulcão.

Foto do monte Vesúvio visto a partir da linha do mar. A montanha em formato de corcova de camelo está ao fundo com algumas nuvens sobre ela. A frente está o mar e vários valeiros parados.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Pompeia

Se você vai até Nápoles, é provável que Pompeia já esteja na sua mira. É bem fácil chegar até a escavação, basta pegar o metrô que sai da estação Piazza Garibaldi, descer na estação Pompei, depois de 30 minutos de viagem, e andar cerca de 800 metros à entrada do sítio arqueológico.

Recomendo reservar um dia inteiro para esse passeio, eu fiquei 5 horas dentro das ruínas e faltaram muitas coisas a serem vistas.

Foto de diversas ruínas de casos e palácios feitas de pedra, é possível ver pessoas andando por entre elas.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Veja também: Via Ápia: tudo sobre o melhor passeio que fiz em Roma

Capri

A ilha de Capri está bem perto de Nápoles e é possível avistá-la da cidade. Para chegar até lá basta pegar um barco que sai do Molo Beverello no porto da cidade.

Quando fiz o trajeto de cerca de 50 minutos, em abril de 2023, paguei 28 euros na passagem até a ilha.

Mesmo que você vá apenas passar o dia, vale muito a pena, Capri realmente faz jus a sua fama.

Foto de Capri vista a partir do mar, é possível ver a cidade com casas predominantes brancas atrás da praia e que sobem a encosta no entorno. O mar está azul esmeralda e com alguns barcos navegando.
Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Costa Amalfitana

Junto a Capri outros destinos famosos próximos a Capri fazem parte da costa amalfitana, sendo os principais Positano e Amalfi.

Você pode ir até as duas cidades por terra, pegar um trem de Nápoles para Sorrento e de lá pegar um ônibus, ou ir de barco.

Eu fiz o seguinte trajeto em dois dias:

  • Passei uma noite em Capri;
  • No dia seguinte peguei um barco para Positano e passei o dia por lá;
  • De tarde peguei um barco até Salerno que passou por toda a costa e em frente à Amalfi;
  • Voltei para Nápoles de trem a partir de Salerno.

Gastei cerca de 100 euros com esses deslocamentos, e todos os barcos fazem parte da linha de transporte público local, uma opção que acabou sendo mediana em gastos. Já que, ir de trem + ônibus para Positano e Capri é mais barato, porém muito mais demorado.

Já um passeio com uma agência de turismo pela costa amalfitana custaria mais caro.

Foto de Amalfi vista do mar. É possível ver uma grande montanha rochosa com casas de tons branco amarelado que sobem até a sua metade. O mar está azul.
Amalfi vista do mar. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Ilha de Ísquia

Ischia é uma grande ilha próxima a Nápoles, dividida em algumas comunas. Acabei não tendo tempo de ir até lá, mas o lugar parece ser fantástico.

Ao contrário do que acontece em Capri, que é extremamente turística, Ischia ficou mais para os locais, sendo a ilha aonde eles vão quando querem pegar uma praia. Você também pode chegar até a ilha que fica perto de Nápoles a partir de barcos que saem do Molo Beverello.

Sugestão de roteiro em Nápoles 🥾

Confira minhas dicas para o seu passeio de 1 ou mais dias em Nápoles.

Nápoles em 1 dia:

  • Passeio pelo Centro histórico: Via dei Tribunali, Duomo, Spaccanapoli, Rua dos Presépios;
  • Museu Arqueológico Nacional de Nápoles;
  • Via Toledo;
  • Quartieri Spagnoli e mural do Maradona;
  • Galleria Umberto I;
  • Piazza del Plebiscito;
  • Castel dell’Ovo;

Se você não é muito de museus, uma opção é trocar a visita ao Museu Arqueológico por uma subida ao Castel Sant’Elmo no fim da tarde, apreciando uma bela vista da cidade.

Confira o roteiro da caminhada que passa pelos lugares listados acima:

O meu roteiro sugerido em Nápoles:

  • 1º dia: você pode aproveitar o primeiro dia para fazer a mesma caminhada que sugeri acima e conhecer o Museu de Arqueologia;
  • 2º dia: separe o segundo dia para desvendar os “segredos” de Nápoles: tour subterrâneo, visita aos castelos (Capuano, Nuovo e Sant’Elmo) e as estações de metrô;
  • 3º dia: pegue o metrô para Pompeia logo cedo, e se der sorte, assista a um jogo do Nápoles de noite;
  • 4º dia: tire um dia para passear pela cidade, descobrir os seus “cantos” menos turísticos, seus sabores e observar o modo de vida icônico de Nápoles;
  • 5º dia: siga a sua viagem rumo a Costa Amalfitana, você pode ir para Capri e depois pegar um barco para Positano ou Amalfi, ou alugar um carro para conhecer as cidades.

Tentei ser conciso nos dias, além disso existe muito a se explorar em Nápoles e arredores, eu por exemplo, na minha segunda ida à cidade planejo ficar ao menos 10 dias por lá. 

Outras dúvidas, dicas e curiosidades sobre Nápoles 📝

Outras informações interessantes sobre Nápoles que vale a pena saber antes de conhecer a cidade.

Nápoles é perigosa?

Da maneira como você pode imaginar, não. Nápoles possui um estigma de perigosa, provavelmente por seu caráter de cidade portuária, ligações com a máfia e até a sujeira nas ruas, que é maior do que nas outras grandes cidades italianas.

Porém, analisando dados, não há razão para pensar que Nápoles é perigosa, quando há comporamos com outras cidades italianas, as estáticas mostram que a criminalidade por lá é menor que Milão, Roma e Florença, por exemplo.

Admire um obra original de Banksy em Nápoles

Foto de um muro onde está uma arte feita com stencil na cor branca, representando uma mulher olhando para cima, em cima da sua cabeça está uma arma.
A Madonna di Banksy em Nápoles. Foto: Felipe Sawaf – Em Busca da Sintonia

Literalmente do nada, enquanto andava pela Via dei Tribunali, achei uma obra original do Banksy.

A obra em questão é a Madonna di Banksy e fica em uma praça ao lado da Via dei Tribunali.

As coordenadas são as seguintes: vá descendo a Via dei Tribunali (sentindo Piazza Dante) e quando chegar a Piazza Gerolomini olhe para a primeira parede à direita.

A arte está protegida por um vidro, e segundo a placa sob custódia de dois estabelecimentos da rua que dividem a parede, um deles a já mencionada Pizzeria dal Presidente.

A máfia napolitana

Apesar de não ser uma cidade com índice de violência maior do outras do país, Napoli continua sob influência da Camorra, que basicamente se integrou no tecido social da cidade. Não espere ver pessoas armadas, ameaças públicas nem nada do tipo.

O modus operandi da Camorra em Nápoles se assemelha ao da Yakuza no Japão, dominando alguns serviços como o de limpeza pública (o que pode explicar o lixo da cidade), contrabando de drogas e outros produtos.

Se você quer entender melhor como está a máfia em Nápoles nos últimos anos, sugiro esse artigo de 2019 do El País, e também a série Gomorra.

Reforço que apesar de a matéria escancarar que existe sim a presença de crime organizado pelas ruas do centro da cidade, não vi nada durante minha passagem por lá, inclusive de madrugada.

A cidade da superstição

A população de Nápoles é supersticiosa, é fácil perceber isso pela quantidade de “amuletos” espalhados pela cidade. O padroeiro da cidade, San Gennaro, é lembrado em boa parte dos estabelecimentos, e imagino que dentro da casa dos napolitanos, assim como Maradona, que também é santo.

As lojas de souvenirs da cidade estão repletas de uma espécie de chifre para vender, que muitos pensam ser réplicas de pimentas, mas são na verdade Cornicelli, chifres vermelhos e retorcidos

O Cornicello é a evolução dos chifres que eram usados como amuleto para proteção desde o período neolítico, na idade média eles passaram a ser pintados de vermelho e depois artesãos passaram a fabricá-los com o formato retorcido.

Foto aproximada de vários chifres vermelhos em tamanho miniatura pendurados em um mostrador de uma loja de suvenir.

Não leve as “grosserias” para o coração

Os napolitanos falam mais alto e tem um jeito de se comunicar mais direto, eu não identifiquei nada como uma grosseria, que me desrespeitasse, mas algumas pessoas podem interpretar assim.

Se acostume com as motos

As motos fazem parte da realidade de Nápoles, principalmente nos bairros turísticos que possuem ruas estreitas, como o centro histórico e o Quartieri Spagnoli, você precisa estar atento o tempo todo para dar passagem a elas.

São adolescentes, jovens, adultos e idosos que passam em velocidades elevadas sem nem mesmo usar capacete. 

Não achei nenhum índice que fale do número de acidentes ou atropelamentos por lá, mas, acho que eles não são tão comuns, para andar da maneira que eles andam por lá, é necessário experiência e perícia, apesar de não parecer.

Leia a Tetralogia Napolitana

Se você gosta de literatura talvez tenha ouvido falar da Tetralogia Napolitana, conhecida também como Romances de Nápoles, uma série de 4 livros que narra a história de duas amigas que nascem, crescem e vivem em Napoli.

A história já é ótima e valeria a leitura, mas as descrições de Nápoles trouxeram também mais turistas para a cidade.

Apesar de ter gostado muito dos livros, não tive tempo para explorar alguns dos possíveis locais onde se passam as histórias.

O principal deles é o bairro Rione Luzzatti que fica próximo à estação central, seguindo as pistas da autora através de suas descrições, descobriu-se que o bairro da história definitivamente é o Rione.

Também existe uma série baseada nos livros, chamada “A amiga genial”, que retrata a Napoli do século passado.

Frame de uma cena de um seriado, nela é possível uma praça ampla com uma igreja ao fundo e pilares que dão a vonta na praça; Em primeiro plano está um carro antigo estacionado e 3 mulheres e 1 homem caminhando e olhando para a praça com roupas que remetem ao ano 60/70.
Cena do seriado A amiga genial, baseado nos livros da Tetralogia Napolitana.

Conheça Nápoles e se apaixone! 💕

Esse guia foi criado com muito carinho para que você, assim como eu, se apaixone por Nápoles! Eu sei que em um primeiro momento a “bagunça” da cidade pode assustar, mas não deixe isso te abalar.

Napoli tem muito a ser conhecido e desvendado, uma cidade cheia de personalidade e com sabores marcantes, um prato cheio para viajantes que amam conhecer e mergulhar em novas culturas.

Confira outros textos da minha viagem pela Itália e planeje a sua visita a esse país magnífico!

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Felipe Sawaf

Olá, Eu sou o Felipe! Mais um ser humano em busca das coisas que fazem a vida valer a pena. Passei anos amadurecendo a ideia de ter o meu próprio blog de viagem, e em 2022 nasceu finalmente o Em Busca da Sintonia. Espero de coração que as minhas dicas e experiências ajudem você a viver as suas! Obrigado por ler o meu blog e nos vemos pelo mundo!

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